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O jogo dentro do gramado: vuvuzela não deixa ninguém se comunicar

Brasil


Por Thiago DiasDireto de Joanesburgo, África do Sul


Uma vuvuzela incomoda muita gente, duas vuvuzelas incomodam muito mais. Imagine umas 50 mil... Nesta segunda-feira, o GLOBOESPORTE.COM acompanhou a vitória da Holanda por 2 a 0 sobre a Dinamarca dentro do gramado do Soccer City e comprovou: o barulho atrapalha os jogadores e a comunicação entre treinadores e atletas é quase impossível. O jeito é apelar para sinais ou conversas ao pé do ouvido.

- Não, você não pode ir por aqui. Aqui é a entrada dos jogadores – disse a moça da Fifa, quando a reportagem errava o caminho para o campo e se deparava com o local onde todos os atletas gostariam de estar.

À frente, o famoso túnel que dá direto no gramado. A musiquinha oficial do Mundial já tocava, e os atletas se organizavam para os hinos. Simpática, a representante da Fifa pede 10 minutos para que a passagem fosse liberada, mas em apenas dois o caminho é aberto gentilmente. No campo, os jogadores cantavam com a mão no peito. Na arquibancada, as vuvuzelas pararam por respeito. Ao lado da linha lateral, o GLOBOESPORTE.COM se dirigia para o gol à esquerda das cabines de televisão. Sim, o Soccer City é maior e mais imponente visto daqui do chão do que lá de cima.

CONFIRA A GALERIA DE FOTOS DOS BASTIDORES DO JOGO NO SOCCER CITY

jogo visto do gramadoO GLOBOESPORTE.COM dentro do Soccer City:
gols em frente à câmera (Fotos: Thiago Dias)

O barulho também é pior. Parece que há um super-herói, de fôlego interminável, tocando uma vuvuzela por 90 minutos. Ou uma colmeia, com abelhas que não param de trabalhar. O volume sobe e desce, de acordo com a movimentação. Chegou ao auge aos 34 do segundo tempo, quando o placar anunciou o público presente: 83.465. Parece que todos quiseram mostrar que estavam no Soccer City e “vuvuzelaram” para provar isso.

O barulho no "pote" sul-africano não é ensurdecedor, mas atrapalha. Eleito o melhor em campo, Sneijder disse que não se incomodou com as cornetas. Mas quem está dentro do gramado não consegue ouvir o que uma pessoa a mais de um metro tenta lhe dizer. É comum ver os jogadores com a mão na orelha, como uma concha, sofrendo para entender o que um companheiro grita de longe. E os técnicos? Alguns até desistem. Na vitória argentina sobre a Nigéria, Diego Maradona poupou as cordas vocais e chamava Verón na linha lateral para dar instruções no cangote. A tática foi repetida por Bert van Marwijk e Morten Olsen algumas vezes nesta segunda.

No primeiro tempo no Soccer City, câmera voltada para o ataque da Dinamarca. Recuperado de um dia para o outro, Bendtner era a esperança do time de branco. Do outro lado, os “pequeninos” holandeses, reconhecidos apenas pelos números da camisa ou zoom na lente. A bola passava longe do gol, mas perto de nossas cabeças. Os colegas ao lado se abaixavam para evitar um acidente, mas lá na outra trave um teve menos sorte: após chute de Van Persie, a bola pegou em cheio e quebrou uma câmera fotográfica localizada no gramado. Efeito Jabulani?

Veja os gols da Holanda em ângulo exclusivo filmado pelo GLOBOESPORTE.COM

No intervalo, momento de descanso para alguns cinegrafistas, mas outros profissionais seguem trabalhando. Atrás do gol, fotógrafos arrumam as câmeras que ficam no chão, ativadas por controle remoto. Outros comem um lanche ou colocam o papo em dia. Uma pessoa com fantasia do mascote Zakumi passa acenando para os torcedores, acompanhado de uma “babá” da Fifa. Não fez muito sucesso. Mais divertido é observar a câmera que “voa” pelo estádio: segurada por alguns cabos, ela se movimenta por todos os lados e dá a sensação de que realmente flutua, como a namoradinha do robô desajeitado no filme "Wall-E". Algumas das melhores imagens da Copa saem dela.

jogo visto do gramadoNo intervalo, fotógrafos arrumam as câmeras acionadas por controle remoto no gramado

A bola rola novamente. E em um minuto estufa a rede, bem na frente do GLOBOESPORTE.COM. Gol contra do dinamarquês Simon Poulsen. Os companheiros mal acreditam no que viram. Os holandeses também, que comemoram abraçados na área, enquanto a torcida pintava o Soccer City de laranja. Coitado do goleiro Sorensen, que olhava para frente sem entender direito o que acontecia. Podia até xingar Poulsen que este não ouviria. Santa vuvuzela.

Com a entrada de Elia pela ponta, a Holanda melhorou. O jogo também. O volume das vuvuzelas aumentou, embalado pela festa laranja regada a cerveja, mulheres bonitas e homens fantasiados de mulheres (feias, no caso). Elia desviou a atenção para a esquerda do gramado. Todas as câmeras voltadas para lá. E dele saiu o lance para o gol de Kuyt, que aproveitou o rebote aos 39.

- Agora você dá a volta no estádio e sai lá do outro lado, naquela rampa, está vendo? – orientou a – sempre paciente – moça da Fifa após o apito final.

Um passeio bem-vindo. Com a câmera ligada, uma caminhada por todo o gramado (pelo lado de fora, ao lado da torcida) até a bandeirinha de escanteio à esquerda do gol à direita das tribunas, onde fica a entrada e saída para os profissionais de imprensa. Muitos brasileiros na arquibancada, com direito a bandeiras de clubes e cidades. Mais holandesas e dinamarquesas, as verdadeiras donas da festa. Câmera desligada e adeus, Soccer City. Mas as vuvuzelas vão voltar. Ah, se vão.

jogo visto do gramadoOs bastidores dos profissionais de imprensa no gramado: estádio laranja para a estreia holandesa

Posted by marcos vinicio on 09:40. Filed under , . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0

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